Artigo do mês

QUERO PUBLICAR. O QUE PRECISO SABER?

por Marcia Broccart

Se você não é uma celebridade literária e não escreve para nenhum jornal de peso, a chance de uma grande editora publicar seu livro é quase zero. Então, considere a possibilidade de buscar editoras menores. Pense na alternativa. Há vários autores que publicaram em empresas deste porte e ainda assim, tiveram suas obras selecionadas em concursos literários. Faça uma seleção criteriosa. Atente, não só para a integridade da editora que é importante para o registro ISBN e para a comercialização, mas também, leve em conta a qualidade editorial. Procure saber, por exemplo, se a editora é uma empresa constituída como tal, há quanto tempo atua no mercado, a qualidade de suas publicações, a formação técnico-acadêmica de seus principais responsáveis. Existem cursos de pós-graduação (Publishing Management) que habilitam o editor, assim como, outros profissionais que atuam na área. Essa formação vai impactar na qualidade do produto final. Faça uma análise cuidadosa.
Você recebe aquilo que você paga!

Erram quando dizem que todas as pequenas editoras são iguais. Não são. Portanto, cuidado ao selecionar a mais barata para imprimir seu livro. A edição de um livro requer um trabalho específico, atualizado e cuidadoso. Exige a intervenção de vários profissionais qualificados. Fuja das promessas "publique seu livro de graça". Autores inexperientes caem nesta armadilha e só depois percebem que o "grátis" era apenas uma das muitas etapas que envolvem o processo de publicação. O mercado da autopublicação é tão promissor quanto perigoso, pois é muito difícil para o autor controlar sozinho todas as cadeias da produção: registros, preparação de textos, revisões, diagramação, arte de capa, impressão, textos de apoio, como sinopses, contracapas, orelhas, etc. Lembre-se: um trabalho editorial de excelência dá segurança ao autor.

O que requer um trabalho editorial de excelência?
1. Uma boa preparação de textos (copydesk): Tarefa feita por um redator para formatar mudanças e aperfeiçoar o texto com o intuito de agregar valor. Nesta fase devem ser observados alguns pontos: concisão, harmonia e clareza, que garantam a inteligibilidade para público leitor. Em obras acadêmicas ou áreas específicas é necessária a participação de profissionais redatores com expertise nessas áreas.
2. Uma boa revisão de textos: Feita por profissionais que conferem ao material escrito correção gramatical e ortográfica.
3. Uma boa diagramação: Consiste em distribuir os elementos gráficos no espaço da página que vai ser impressa. É fundamental que haja um projeto onde a hierarquia tipográfica e legibilidade sejam observadas a fim de garantir uma identidade à publicação. Os diagramadores da editora devem estar atualizados com as exigências do mercado editorial que sempre requer novidades, de modo a conferir ao livro uma leitura mais agradável.
4. Arte de Capa: A capa é a primeira imagem que se tem de um livro. Ela deve espelhar um estilo, um gênero e uma história. Uma boa capa deve ser lembrada pelo leitor durante a passagem das páginas. Agrega à obra um valor artístico que exalte o belo e o inovador para torná-la atraente ao público. Deve cativar o leitor. Os profissionais envolvidos nesta fase devem ter sensibilidade artística e uma sólida formação técnico-acadêmica.
5. A arte da edição: Um livro tem que necessariamente espelhar o autor. Quando se olha para a aparência de um livro, ao manuseá-lo, ao ler suas partes externas, como orelha e contracapa, você deve achar nele muito do autor. Não só de suas características literárias, mas também de sua personalidade. A arte editorial é realizada por um profissional altamente capacitado que tem a sensibilidade de gerir todos os profissionais envolvidos na preparação de uma obra. Ele precisa cortar os excessos, conjugar a imagem que a obra exibe do autor com o material escrito e promover a finalização junto à equipe gráfica, verificando a qualidade e a fidelidade a tudo que foi planejado por ele em comunhão com o autor em fases preliminares.
Nada disso basta!

Para que um material escrito se torne um livro é obrigatório ter uma ficha catalográfica que é uma ficha que contém as informações necessárias para se localizar um livro numa biblioteca. É também necessário seu registro no ISBN - International Standard Book Number, que é um sistema internacional padronizado que identifica numericamente os livros segundo o título, o autor, o país, a editora, individualizando-os inclusive por edição. Utilizado também para identificar software, seu sistema numérico é convertido em código de barras, o que elimina barreiras linguísticas e facilita sua circulação e comercialização. Após a publicação a editora deve enviar uma cópia da obra para o Depósito Legal da Biblioteca Nacional.

Um arremate: duas importantes dicas
A primeira: tenha paciência. Não entre em crise caso haja algum atraso. Editar um livro é um longo processo que envolve muitos profissionais. Intercorrências são comuns. Na maioria das vezes, vale esperar um pouco mais e ter em mãos um livro feito com acuidade do que se deixar levar pela ansiedade e sofrer a frustração de receber uma obra cheia de pequenos defeitos ou mal editada.

A segunda: não trate a publicação de seu livro como se fosse algo banal. Lembre-se de que é importante ter em mãos uma obra da qual venha se orgulhar. Neste processo, autor e editora são parceiros. É importante a mútua confiabilidade e um bom e estreito relacionamento.

O caminho literário é árduo, muitas vezes angustiante. Autor e editor precisam caminhar na mesma direção cujo objetivo é produzir uma obra singular. Algo especial para se orgulhar no futuro, um "step" que sirva para ajudar a alavancar a carreira do autor.
Agora sim, mãos à obra e boa sorte!